Sábado, 30 de Dezembro de 2006
O que desejei às vezes
Diante do teu olhar,
Diante da tua boca!
Quase que choro de pena
Medindo aquela ansiedade
Pela de hoje - que é tão pouca!
De António Botto - Aves
de Um Parque Real
As Canções de António Botto
O meu comentário??
Pena de quê?
De se ter amado?
Amar não é pecado...............
Pensei que o fosse................
Sei agora que não o é...........
Quando se ama verdadeiramente....
Com alma, com sentimentos, com o coração...
Com o sorriso no olhar.............
Não se deve ter pena de ter amado
ou estar a amar..................
Quinta-feira, 21 de Dezembro de 2006
Quase de nada místico
Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,
e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar.........
Às Vezes o Paraíso de Ana Luísa Amaral
O meu comentário??
Quem não gosta de dançar?
De sentir que ultrapassou a fronteira
entre o real e o irreal e se transformou numa princesa?
Ou numa fada?
Ou simplesmente numa flor para brilhar ao sol,
ser coroada pelas abelhas e ficar fascinada pela lua?
Todos os nossos pequenos desejos e sonhos têm significado
- abrem as portas ao que nos torna felizes...
que nos pode tornar felizes.......
Basta realmente deixar a porta aberta...........
Domingo, 17 de Dezembro de 2006
Reflexos
Olho-te pelo reflexo
Do vidro
E o coração da noite
E o meu desejo de ti
São lágrimas por dentro,
Tão doídas e fundas
Que se não fosse:
de Ana Luísa Amaral - In Anos 90 e Agora
O meu comentário???
Será que partes?
Será que vais olhar para trás?
Será que a única memória que ficará
é ver-te afastar , de mim e da minha vida,
através da janela, com a noite como única testemunha?
Porque não dar voz a esse desejo e correr atrás de ti?
Eu acho que correria........................
Domingo, 10 de Dezembro de 2006
..........
quanto me
queres?
quanto me
desejas?
ah quanto te quero
quando te quero
quando me queres...
de Ana Hatherly - Um calculador de improbabilidades
O meu comentário??
Impossível medir tais emoções..........
Podemos oferecer o mundo e mesmo assim,
ter a certeza que nada representa.............
Porque o que verdadeiramente sentimos,
o que realmente queremos..............
só obedece a si próprio.............
O nosso próprio turbilhão,
um tufão que nos projecta no ar
e que, bem depressa pode desaparecer................
Quinta-feira, 7 de Dezembro de 2006
Conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio
Conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe um som para que ela fale por dentro
ilumino-a
de Daniel Faria em homens que são como lugares mal situados
O meu comentário??
A palavra escreve-nos,
descreve-nos,
brinca connosco....
torna-se sagrada....
Desenha o nosso horizonte,
acaricia a nossa face e simplesmente segue-nos...........
Por vezes, em silêncio, outras com risos,
mas também com dor........
Domingo, 3 de Dezembro de 2006
Um rio de escondidas luzes
atravessa a invenção da voz:
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca
Um rio de luzes de Ana Hatherly
O Pavão Negro
O meu comentário???
Dizer o que não devemos...
Num repente, um momento
que destroça tudo.............
Fulminante, por, às vezes não
podermos remediar o sentido das palavras...
O que dissemos está dito, magoou
e viverá nas recordações.............
E as luzes apagam-se...........
Nunca a luz deve ficar apagada.....................................................
Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2006
A imaginação
ergue-se do arrepio da sombra
guerrilha entre parênteses
ergue-se da constante chacina
procurando outra coisa
outra causa
o outro lado do ver
Ana Hatherly
O Pavão Negro
O meu comentário??
Porque a imaginação tem que voar e procurar o outro lado do "ver" é realizar os sonhos...........
Que crescem connosco, nos alimentam
e nos quais nos refugiamos quando nos ferem....
Às vezes, ficamos lá para sempre;
outras,
procuramos "ver" novos..............
Da sombra, da dor fugir devemos......................
Aí, não é o lugar dos sonhos..............