Segunda-feira, 31 de Julho de 2006
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Eugénio de Andrade "Os Amantes sem Dinheiro"
O meu comentário??Por vezes, temos essa sensação - de que esgotamos todas as palavras, todos os argumentos válidos para estarmos juntos.
Ficamos admirados por agora essas palavras estarem completamente vazias de sentido, tal como o amor...
Será??
Basta apenas escutar, o que muitas vezes, ignoramos
e isso é, realmente o silêncio do nosso coração.....
Sexta-feira, 28 de Julho de 2006
Não digas o teu nome: ele é Esperança
vai até aos que sofrem sozinhos
à margem dos dias
e é a palavra que não escrevem
sobre as quatro paredes do tempo
o admirável silêncio que os defende
ou o sorriso o gesto
a lágrima que deixam nas mãos fiéis
Alexandre O’Neil
O meu comentário??A esperança - por vezes, a única coisa que nos prende à vida.
Por vezes, é bastante exigente, porque quando se sofre sozinha, é porque se está isolada do mundo e não sabe como quebrar uma barreira, que nós próprios impusemos e não deixamos derrubar.
Talvez, porque alguém nos amordaçou,
traíu e realmente a esperança é tentar confiar novamente....
Porque há anjos e pessoas que têm o coração aberto para amar sem condições...
Terça-feira, 25 de Julho de 2006
Em teu macio olhar
repousa o meu.
E na face polida assim formada
se reflecte e recria
o próprio céu
Daniel Filipe - A Invenção do Amor e Outros Poemas
O meu comentário?Perante tal declaração de amor, quem é que fica indiferente e se nega a amar?
O meu olhar reflectiu e recriou mil vezes a face dele e escreveu o nome dele no céu, com a ajuda das estrelas...
Não sei se ele viu..............
Terça-feira, 18 de Julho de 2006
Os brilhos que na noite vêm
são dos olhos dos que sonham,
viagens pelos mares de outras águas
são os que não gostam de se elevarem
no ar sobre os antigos oceanos
e amam os pequenos riachos e o
fundo invisível dos poços
Matéria Simples - Fiama Hasse Pais Brandão
O meu comentário?
Sonhar, procurar um local com qual seja fácil identificar-nos, encontrar a beleza nos sítios mais simples.
Porque a vida é isso mesmo - simplicidade, mesmo observando o fundo de um poço, quem sabe com histórias de amores e desencontros, dramas e comédias....
Histórias que ninguém pode contar, mas apenas imaginar
Terça-feira, 11 de Julho de 2006
Antes de um lugar há o seu nome. E ainda a viagem
até ele, que é outro lugar
mais descontínuo.......
De Maria do Rosário Pedreira - A Casa e o Cheiro dos Livros
O meu comentário?É nessa viagem que, por vezes nos perdemos.
As ilusões caem por terra - desfazem-se em pó, ficam em cinzas, levadas pelo vento.
Mas, nunca o nome, nunca a nossa identidade, nunca quem somos e o que queremos ser.
Quase me esqueci disso e a ferida custou a fechar.........
Terça-feira, 4 de Julho de 2006
..de todos os momentos guardo este: e ainda um outro
em que os meus passos se ouviam já no asfalto,
mas os olhos permaneciam nesse lugar onde apenas se repetem
as ondas, as algas, os avisos do vento
de Maria do Rosário Pedreira - A Casa e o Cheiro dos Livros
O meu comentário??A vida e o amor são feitos de momentos; neste caso, de perda!
Talvez porque fomos egoístas e não soubemos apreciar esses momentos.
Agora é como se tivessemos perdido a esperança, a vontade de viver....
Mas guardar memórias, aprender com elas e reconstruir um outro futuro é possível!