Quinta-feira, 27 de Outubro de 2005
Eugénio de Andrade
Casa na Chuva
A chuva, outra vez a chuva
Sobre as oliveiras
Não sei porque voltou esta tarde
Se a minha mãe já se foi embora,
Já não vem à varanda para a ver cair,
Já não levanta os olhos da costura
Para perguntar:
Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
A chuva sobre o teu rosto
Às vezes, também me sinto impotente quando vejo a minha Mãe, perfeitamente mergulhada na sua velhice, sem vontade até para falar!
Segunda-feira, 24 de Outubro de 2005
E, porque falamos em sorrisos, porque não sorrir com este poema maravilhoso de Eugénio de Andrade:
Sorriso
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso
Nada como um sorriso franco, generoso, caloroso para abrirmos à nossa vida e mente ao mundo!!!!
Sábado, 15 de Outubro de 2005
Provérbio Japonês
As palavras são como uma teia de aranha.
Para o homem inteligente, são como um abrigo
e para o rude, uma armadilha
Hoje, as palavras são realmente um abrigo - encho-as com os meus sentimentos.
Mas já foram uma armadilha, não por eu ser rude, mas por confiar demais em pessoas que são pequenas demais!!!
Quinta-feira, 6 de Outubro de 2005
As Palavras
São como um cristal
As palavras,
Algumas um punhal,
Um incêndio.
Outras,
Orvalho apenas
Eugénio de Andrade
Ultimamente, as palavras que escuto são punhais cravados nas costas!
Porquê? Já desisti de saber; já nem quero saber; vou preocupar-me, sim com as minhas palavras para que sejam ouvidas por quem eu quero.
Principalmente pelos meus amigos!