Quarta-feira, 31 de Agosto de 2005
Apesar das ruinas e da morte,onde sempre acabou cada ilusão,a força dos meus sonhos é tão forte,que de tudo renasce a exaltação.E nunca as minhas mãos ficam vazias.Sophia de Mello Breyner Anderson - PoesiaÉ, Sophia, as nossas mãos nunca ficam vazias quando sonhamos, nem que seja por um minuto!
Obrigada por me ajudares a compreender que posso transformar a minha vida, sonhando, como agora faço, com as palavras que tu escreveste e que nunca serão esquecidas.
Terça-feira, 30 de Agosto de 2005
IMPROVISO NA MADRUGADA
Húmido de beijos e de lágrimas,
ardor da terra, com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.
(Vontade de ser barco ou de cantar)
Eugénio de Andrade
O meu corpo não se perde no teu, porque tu não queres;não me queres magoar!Mas não sei o que me magoa mais - o facto de não me queres magoar ou de me estares mesmo a magoar com o teu silêncio e com a tua distância!
Segunda-feira, 29 de Agosto de 2005
DESPERTAR
É um passáro, é uma rosa
É o mar que me acorda?
Passáro ou rosa ou mar
tudo é ardor,
tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
Canto na ave,
água no mar
Eugénio de Andrade
Será apenas uma visão simples do amor?
Porque é que o amor é, por vezes, igual a desilusão?
Ou porque é que nos criticam quando queremos que seja assim?
Simples, como a rosa, como o passáro ou o mar!!!
Quarta-feira, 24 de Agosto de 2005
Somos folhas breves onde dormem as aves de sombra e solidão.Somos só folhas e o seu rumorInseguros, incapazes de ser floraté a brisa nos perturba e faz tremer.Por isso, cada gesto que fazemos,cada ave se transforma noutro serEugénio de Andrade - Somos folhas brevesEncontrei este poema no Jardim dos Sentimentos, nos Jardins do Palácio de Cristal.
O Jardim é lindo e só um poema escrito com o coração e com alma poderia lá estar!
Como eu, Eugénio de Andrade amava profundamente esta cidade e hoje, que me sinto perturbada, procurei a paz dos Jardins e a vista maravilhosa para o rio para me redescobrir.
Terça-feira, 9 de Agosto de 2005
CALINO DE ÉFESO:
A morte virá no momento
Em que tenham urdido as Moiras,
Porque não está no destino de um homem
Escapar à morte, nem mesmo que a sua estirpe
Viesse dos deuses.
A verdade das coisas!
Li este verso no livro "As duas mortes de Sócrates" e achei interessante.
Sei que há pessoas que não aceitam bem a morte; talvez seja porque acham que a vida as tratou mal.
Sinceramente......só espero morrer em paz comigo mesmo e com o mundo!
Quarta-feira, 3 de Agosto de 2005
ESCREVO - EUGÉNIO DE ANDRADE
Escrevo já com a noite em casa. Escrevo
sobre a manhã em que escutava
o rumor da cal ou do lume
e eras tua somente a dizer o meu nome.
Escrevo para levar à boca o sabor
da primeira boca que beijei a tremer.
Escrevo para subir às fontes
E voltar a nascer
Há várias razões para se escrever - um amor quase perfeito, uma dor lancinante, uma forma de preencher a solidão.
O meu amor não foi perfeito; o espinho da dor cravou-se bem fundo e ao preencher a solidão, encontrei outras formas de viver o que não sabia que existia.
Por isso, vou continuar a escrever para voltar a nascer até que, um dia, a luz se apague!