Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2005
Dizem que o tempo é o nosso pior inimigo.
Não sei; às vezes, é um bom conselheiro, mas eis o que Sophia de Mello Breyner Andersen tem a dizer sobre ele:
TEMPO - LIVRO SEXTO
Tempo
Tempo sem amor e sem demora
Que de mim me despe pelos caminhos fora
Manhã
Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro
Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro
Sophia de Mello Breyner Andersen - Livro Sexto
Também eu gosto da manhã, daqueles minutos em que se abre as cortinadas, a janela e se deixa o ar entrar para reciclar os cheiros da noite.Pertence-me; a mais ninguém!
Depois, Deus decide o resto!
Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2005
Mário Benedetti (Uruguai) – Bem-Vinda
Ocorre-me que vais chegar distinta
Não exactamente mais linda
Nem mais forte
Nem mais dócil
Nem mais cauta
Somente que vais chegar distinta
Como se esta temporada de não me veres
Te tivesse surpreendido a ti também
Talvez porque sabes como te penso e te enumero
Achei curioso este poema, pois está inserido num livro dedicado só a poemas sobre mulheres.Mulheres!
Palavra sempre nos lábios de quem nos faz a corte, nos desdenha ou simplesmente brinca connosco!
Seremos assim tão complicadas como eles dizem, não sei se por brincadeira?Eu não me acho nada complicada - indecisa, talvez, mas nunca complicada!
Temos um papel, por vezes ingrato, mas alguém tem que desempenhar o papel de advogado do diabo!
Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2005
SOPHIA DE MELLO BREYNER – Livro “A Musa”
ONDAS
Onde – ondas – mais belos cavalos
Do que estas ondas que vós sois?
Onde mais bela curva do pescoço
Onde mais bela crina sacudida
Ou impetuoso arfar no mar imenso
Onde tão ébrio amor em vasta praia?
Novamente o mar, as ondas que ela compara a cavalos. Um quadro fácil de pintar, ilustra o que deve ser a nossa vidaCavalo - simbolo de liberdade, de paixão, de beleza, de força!
Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2005
OS AMIGOS - SOPHIA DE MELLO BREYNER – Livro “A Musa”
Voltar ali onde a verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta impetuosa
Juventude antiga –
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão
Creio que a estela do mar se torna mais preciosa, porque é um tributo a um amigo, que já não está cá!
Quem sabe se não ele não se terá transformado nessa estrela do mar?
Quem sabe se não é ele a espuma do mar, a vaga que "esmaga" a areia e afunda os nossos pés?
Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005
SE EU FOSSE APENAS
Se eu fosse apenas uma rosa
Com que prazer me desfolhava
Já que a vida é tão dolorosa
E não te sei dizer mais nada
CECÍLIA MEIRELES
Infelizmente, não somos rosas, não duramos apenas um momento; duramos muito mais e é por isso, que a vida se torna dolorosa!
Às vezes, vivemos mais do que devemos e tornamo-nos um "fardo", a quem, por vezes, ninguém liga!Por isso, realmente não há mais nada a dizer!
Quinta-feira, 17 de Fevereiro de 2005
CECÍLIA MEIRELES
"
MONÓLOGO
Para onde vão minhas palavras
Se já não me escutas?
Para onde iriam quando me escutavas?
E quando me escutaste? – Nunca
"
É a pergunta que faço.
Muitas vezes!As pessoas tem a mania de interromper, de não deixarem que se exponha a ideia!
Antes, fica calada e os outros convenciam-se que tinham ganho a partida.
Contudo, um dia disse, calma, mas firme "Deixas-me acabar? Eu ainda não disse tudo!"Não sei se venci; mas ainda hoje, tenho aquela impressão de que não me estão a escutar!
É muito mais fácil dialogar com o nosso próprio ser, embora nem sempre seja saudável!
Terça-feira, 15 de Fevereiro de 2005
SOPHIA DE MELLO BREYNER
DIA DO MAR
A minha esperança mora
No vento e nas sereias –
É o azul fantástico da aurora
E o lírio da areiaEscolhi novamente um poema sobre o mar, pois tal como para Sophia de Mello Breyner o mar significa tudo para mim.Por isso, gostaria que me enviassem os poemas ou textos dos vossos autores favoritos para eu publicar aqui, com o vosso nome e endereço do blog.
O mar........é o meu confessor, o meu amigo silencioso, a única coisa constante nesta minha vida atribulada.
Nota:
Os poemas serão publicados aqui.
Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005
Voltei a escolher um poema de :PABLO NERUDA – CREPUSCULARIO
"
Fui teu, foste minha.
Tu serás de quem te ame,
Do que corte em teu horto aquilo que eu plantei.
Eu me vou. Estou triste, mas eu estou sempre triste.
Eu venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
........
"Não está completo, pois apenas escrevi a parte com que me identifiquei.
Dizem os outros que estou sempre triste e não nego que, às vezes não sei para onde vou!
Tal como Pablo!
Estes versos tanto podem falar duma mulher que ele deixou ou da Pátria que o obrigou a sair!
Inclino-me mais para que seja de uma mulher, porque nunca deixamos de amar a nossa Pátria e de procurar as nossas raízes.
Aqui no nosso próprio País ou algures nesse mundo!
Saudade que nos mata de frio e de desgosto!
Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005
"Se desejas tanto a liberdade e a felicidade,porque não vês que trazes ambas dentro de ti?Diz que são tuas e tê-las-às.Age como se fossem tuas e sê-lo-ão."Richard Bach - do livro "Ilusões"Será mesmo uma ilusão?
Não, somos nós que damos forma à vida e só o podemos fazer enquanto respeitarmos as regras da sociedade!
Doutra forma, reinaria a anarquia e isso não teria qualquer lógica!
A minha liberdade é saber que os meus blogs são a raiz do meu ser!
A minha felicidade é sentir que estou realizada como pessoa, porque os meus blogs permitiram-me ultrapassar barreiras que nunca me esforçei para as combater!